domingo, 12 de noviembre de 2017

ESPELHO DA NOITE -- del blog Poesia Whiskey Bar y POEMBLOG






Eu gosto quando um vento breve te alcança
& teu cabelo preto entra suave na dança
em movimentos leves de  improviso,
cada ondular se espraia em ritmo preciso
& espelha o negror da noite que avança

teu corpo em flor, meu jardim do paraíso,
baila seu bailado & me faz perder o juízo
doce morena, alma índia que me abraça
ayuhasca perfumada, aroma de tirar o siso
teu cheiro de fêmea é minha doce cachaça

ah, menina cauim que incendeia desejos!
ave feminil que encanta com gráceis adejos
beleza ferina, yanomami,  xamã-guerreira
teu olhar, felina, acende o feitiço da fogueira
& todo meu corpo arde ao calor dos teus beijos




POEMA: MARCELLO CHALVINSKI
ARTE: TOM COLBIE

TERÇA-FEIRA, JANEIRO 03, 2017

Paulo Henriques Britto foi jovem, com a sede de todos, adolesceu. Depois, como de direito, endureceu.


Geração Paissandu

Vim, como todo mundo,
do quarto escuro da infância,
mundo de coisas e ânsias indecifráveis,
de só desejo e repulsa.
Cresci com a pressa de sempre.

Fui jovem, com a sede de todos,
em tempo de seco fascismo.
Por isso não tive pátria, só discos.
Amei, como todos pensam.
Troquei carícias cegas nos cinemas,
li todos os livros, acreditei
em quase tudo por ao menos um minuto,
provei do que pintou, adolesci.

Vi tudo que vi, entendi como pude.
Depois, como de direito,
endureci. Agora a minha boca
não arde tanto de sede.
As minhas mãos é que coçam -
vontade de destilar
depressa, antes que esfrie,
esse caldo morno da vida.

Paulo Henriques Britto
(1951)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Henriques_Brit

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